Oi!
Eu só passei pra postar esse texto curtinho que achei guardado no meio dos meus rascunhos...
Tudo
começou há dezesseis anos.
Estávamos
dançando.
A
melodia suave que o som emitia era reconfortante, assim como estar em
seus braços.
Claro
que eu não sabia se os meus sentimentos eram recíprocos, mas
gostava de imaginar.
Eu
era jovem, tinha apenas quatorze anos.
Ele
era alguns meses mais velho.
E
tão jovens não imaginávamos o que viria.
Os
anos passavam lentamente, e com eles a nossa amizade.
De
amigos, passamos a ser melhores amigos.
Íamos
ao cinema, ao teatro.
Passávamos
horas a fio conversando. Até o dia em que nos sentimos
verdadeiramente seguros.
Não
tive medo e dividi meus segredos com ele. E ele fez o mesmo.
Ajudávamos-nos
a estudar.
Eu
gostava da companhia dele e pelo visto ele também gostava da minha.
Saíamos
juntos apenas para ter um ao outro. Andávamos por horas pelo centro
da cidade sem cessar, mudos.
Nos
meus fones uma música fofa e tranquila. Que hoje significa muito.
Eu
imagino que nos dele tocava alguma música eletrônica, da qual ele
não deve se lembrar o nome.
Um
fato interessante a nosso respeito. Nunca dizíamos adeus.
Era
como se nossas conversas nunca tivessem ponto final. Apenas
reticências...
Sabíamos
que não haveria fim. Pelo menos sonhávamos.
E
então chegou.
O
ultimo dia de aula.
Terceiro
ano.
Eu
queria cursar psicologia.
Ele,
medicina.
Caminhos
diferentes.
O
pesadelo que me assombrou todo o ano.
Ele
queria viajar, explorar o mundo, conhecer novas pessoas e lugares
diferentes.
Eu
gostava do conforto da minha vidinha ao lado dos meus pais.
Abraçamos-nos
forte, com lágrimas nos olhos. Nunca esqueceria essa cena.
Prometemos-nos
não perder contato.
Jovens
tolos.
Meu
primeiro dia na faculdade e já não nos falávamos.
Sentia
falta disso.
Sentia
falta das reticencias constantes.
Sentia
falta dos passeios mudos.
Sentia
falta dele.
E
orava para que ele sentisse a minha.
Depois
de quase dez anos recebi a notícia.
Ele
havia voltado à cidade.
Um
médico renomado.
Importante.
Senti-me
feliz.
Permiti-me
sorrir quando soube da notícia.
Com
esse tempo que se passou, me tornei psicologa, comecei a entender a
mim mesma.
Um
ano depois e não havia o procurado.
Ele
também não veio a minha procura.
E
então aconteceu de novo.
Mas
dessa vez o choque era apenas meu.
Minha
mãe estava doente.
Meu
pai marcou o médico, mas não poderia a acompanhar. Eu, filha única,
fiquei com a tarefa.
Quando
peguei o cartão e li o nome dele fiquei confusa.
Parte
de mim feliz por ter que vê-lo novamente, a outra parte estava
triste por ser de uma forma lamentável.
Por
que não nos esbarramos em um café?
Ah
sim. Ele odeia café.
Fomos
até o consultório.
Estava
um clima estranho.
Era
como se não nos reconhecêssemos mais. O que pode não ser mentira.
Seus traços são inconfundíveis, mas sua personalidade não parecia
a mesma. Ele estava mais sério.
Minha
mãe? Não tinha nada mais que uma gripe forte.
Foi
aí que voltamos a ter contato.
Tudo
foi voltando aos poucos.
Como
em uma fita cassete.
Primeiro
as reticências constantes.
Depois
os passeios mudos pela cidade.
E
então a troca de conhecimento.
E
os segredos divididos.
Agora
já não ia ao cinema ou ao teatro sozinha.
Voltamos
a ter um ao outro.
E
assim termina nossa jornada.
Dançando.
Como
da primeira vez.
A
mesma música de melodia suave.
Ainda
era reconfortante estar em seus braços. E eu ainda tinha a duvida se
meus sentimentos um dia foram recíprocos.
Mas
nada daquilo importava no momento.
Eu
só queria estar aqui.
Com
ele.
Para
sempre.
Não
posso deixar essa música terminar.
Eu
sei como o destino pode ser cruel.
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